A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (11) a operação “Cashback” que investiga uma quadrilha suspeita de desviar recursos públicos destinados à saúde no Amazonas. A ação é um desdobramento das operação Maus Caminhos, que prendeu o ex-governador José Melo e ex-secretários de saúde, em dezembro de 2017. Segundo a PF, os desvios chegam a pelo menos R$ 500 milhões.
Na primeira fase da Operação “Cashback”, a polícia aponta desvio de R$ 140 milhões.
Entre os alvos estão: Murad Aziz, empresário e irmão do senador Omar Aziz, e o advogado Lino Chíxaro, ex-diretor-presidente da Companhia de Gás do Amazonas (Cigás). Ele deixou o comando da companhia ano passado após ser citado nas investigações. O G1 tenta contato com as defesas dos citados.
O grupo teria ligação com o empresário e médico Mohamed Mustafá – dono de uma cooperativa de saúde e apontado como chefe esquema. Conforme a investigação, Mustafá ganhava licitações para prestar serviços em troca de pagamento de propina a políticos e funcionários públicos.

Médico Mouhamad Moustafa é apontado como chefe de uma esquema de desvio de verbas na saúde pública no Amazonas — Foto: Reprodução/Rede Amazônica
A operação deve cumprir 16 mandados de prisão e 40 de busca e apreensão em um condomínio de luxo, na Zona Centro-Sul de Manaus, e outros pontos da cidade. Ao todo, 150 agentes da Polícia Federal estão envolvidos na ação.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2018/B/P/u8xhReRqiwrG0IbNYttA/operacaopfdesviosaudefotoadneisonseverianog1am.jpg?w=696&ssl=1)
Homens da Polícia Federal cumpriram mandados em um condomínio de luxo, na Zona Centro-Sul de Manaus. — Foto: Adneison Severiano/G1 AM
De acordo com PF, a operação é resultado da perícia realizada em celulares e computadores dos suspeitos identificados na Maus Caminhos, que identificou trocas de mensagens entre os investigados e descobriu mais empresários, advogados e políticos envolvidos no esquema de corrupção, com falsificação de notas fiscais, empresas fantasmas e lavagem de dinheiro.
A “Operação Cashback” investiga a prática de crimes de peculato, lavagem de capitais e organização criminosa. A investigação diz que os delitos foram praticados por empresários que forneciam produtos e serviços à organização social (pessoa jurídica sem fins lucrativos – ONG), não alcançados na primeira fase da operação.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2018/7/Z/6AojFAQxqTZH4HmeRgBQ/sedepfmanaus.jpg?w=696&ssl=1)
Sede da Polícia Federal em Manaus — Foto: Franciele Cardoso/Rede Amazônica
“Apenas em um dos contratos dessas empresas com o Estado do Amazonas, no valor de 552 milhões de reais, foi identificada fraude no valor de 140 milhões de reais”, informou a PF.
Desvios
- Valor da fraude constatada durante a Maus Caminhos: R$ 200 milhões
- Primeira fase da Operação “Cashback” aponta desvio de R$ 140 milhões em contrato de R$ 550 milhões
- PF estima que desvios possam chegar a, pelo menos, R$ 500 milhões em toda a Operação Maus Caminhos
Entenda o caso
O grupo é suspeito de participar de um esquema de desvio de verbas na Saúde do Estado. A “Maus Caminhos” apontou o envolvimento deles, em 2016. Ex-secretários e o ex-governador José Melo foram presos ao longo de três fases da operação.
Os investigados possuíam contratos firmados com o Governo do Estado para a gestão de unidades de saúde, que era feita por meio do Instituto Novos Caminhos (INC), instituição qualificada como organização social.
As investigações que deram origem à operação demonstraram que, dos quase R$ 900 milhões repassados entre 2014 e 2015, pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS) ao Fundo Estadual de Saúde (FES), mais de R$ 250 milhões teriam sido destinados ao INC.
A participação do ex-governador, da esposa, Edilene Oliveira, e de ex-secretários no desvio de verbas da saúde foi identificada por meio de conversas telefônicas interceptadas entre o irmão de José Melo, Evandro Melo, e Mouhamad Moustafa.
Colaboração G1 AM